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Margarete Modas
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Polícia verificou 12 endereços à procura de diretora de escola por maus-tratos a crianças

A polícia de São Paulo já vasculhou mais de 12 endereços em uma semana à procura da diretora da escolinha particular da Zona Leste de São Paulo suspeita de maus-tratos, tortura e outros crimes contra crianças que aparecem amarradas em vídeos. Entre os locais verificados estão imóveis ligados a ela, tanto na capital quanto em outras cidades do estado.

Roberta Serme, de 40 anos, que também é uma das donas da Escola Infantil Colmeia Mágica, teve a prisão temporária por 30 dias decretada em 22 de março pela Justiça. Mas até a última atualização desta reportagem, a diretora não havia se entregado ou sido presa. Desde então é considerada foragida.

A escola fica na Vila Formosa, foi fundada em 2002 e atende crianças 0 a 5 anos, do berçário ao ensino infantil.

g1 revelou o caso ao mostrar vídeos com os alunos da Colmeia Mágica amarrados, com os braços imobilizados, como se usassem ‘camisa de força’, chorando, presos a cadeirinhas de bebês dentro de um banheiro da escolinha. As crianças estão embaixo de uma pia e perto de uma privada.

Para o Ministério Público (MP), que acompanha o caso, os vídeos das crianças amarradas, as fotos de algumas delas machucadas após saírem da escolinha, e os depoimentos de testemunhas (professoras que trabalhavam na Colmeia Mágica e pais de alunos) que estão com a polícia mostram que os alunos sofreram “intensos sofrimentos físicos e psicológicos”.

https://globoplay.globo.com/v/10429155/

No entendimento da Justiça as provas demonstram que “há fortes indícios” de que a diretora esteja envolvida “na prática dos delitos”. A polícia investiga a suspeita de que as crianças sofreram maus-tratos, periclitação de vida, que é colocar a saúde delas em risco, submissão delas a vexame ou constrangimento e tortura. Além disso, a investigação apura a possibilidade de associação criminosa.

Professoras ouvidas pela investigação e pelo g1 acusaram Roberta de “embalar” as crianças em lençóis para elas não chorarem. Segundo elas, a diretora não suportava ouvir choros dos alunos.

As educadoras também contaram que viram crianças que choravam sofrerem castigos, como ficarem horas em pé na direção, conhecida como “sala do pensamento”. Outras eram obrigadas a ficarem dentro do banheiro escuro, com as luzes apagadas, sem a presença de uma professora por perto, de acordo com as denúncias.

As professoras ainda contaram que a diretora gritava com funcionárias e com as crianças, que tinham “muito medo” dela. As pedagogas foram ouvidas na condição de testemunhas.

Mais pessoas investigadas

 

Roberta Serme é diretora da Escola Infantil Colmeia Mágica — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/Redes sociais

Roberta Serme é diretora da Escola Infantil Colmeia Mágica — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/Redes sociais

A polícia apura se mais pessoas têm envolvimento com os crimes cometidos contra os alunos. Além da diretora, a polícia apura se Fernanda Serme, irmã de Roberta e outra proprietária da Colmeia Mágica, era conivente com a situação. Uma das empregadas da escolinha, que trabalharia na limpeza, também é investigada. Ela foi acusada de cobrir o rosto de uma criança a deixando com dificuldades de respirar (saiba mais abaixo).

Como há relatos de que a direção da escola dava remédios que causavam sono nas crianças, a polícia investiga se medicamentos foram usados para fazer os bebês dormirem. Segundo depoimentos de testemunhas a prática seria para evitar que as crianças também chorassem.

Comprimidos foram apreendidos pela investigação numa das duas buscas e apreensões realizadas na Colmeia Mágica com autorização judicial. No começo de março, três celulares das proprietárias também foram recolhidos para análise. Sete lençóis que teriam sido usados para amarrar os bebês acabaram apreendidos. Nesta quinta, a polícia cumpriu um novo mandado judicial de busca e apreensão e apreendeu cadeirinhas infantis. Todo material será periciado.

Denúncias antigas

Heloísa Vitória Teodoro tinha pouco mais de 3 meses quando foi levada às pressas da escolinha até o hospital, onde morreu de parada cardíaca em 2010 — Foto: Reprodução/Redes sociais/Divulgação/Arquivo pessoal/Google Maps

Heloísa Vitória Teodoro tinha pouco mais de 3 meses quando foi levada às pressas da escolinha até o hospital, onde morreu de parada cardíaca em 2010 — Foto: Reprodução/Redes sociais/Divulgação/Arquivo pessoal/Google Maps

A Colmeia Mágica passou a ser investigada pela Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 8ª Delegacia Seccional depois que os policiais receberam as filmagens por meio de uma denúncia, solicitando que elas fossem apuradas. Não há confirmação de quem gravou os vídeos. A suspeita é de que possa ter sido alguma funcionária da creche descontente com o que viu.

A polícia identificou outros casos mais antigos envolvendo a escolinha. Em 2010, uma bebê de 3 meses morreu após ter se engasgado no berçário da creche. O hospital confirmou que ela teve uma parada cardiorrespiratória. Em 2014, a mãe de um garoto de 3 anos gravou um vídeo que mostra o filho dela acusando Roberta de arranhá-lo no rosto.

Fonte: G1

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