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Margarete Modas
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Bolsonaro perde a grande “aposta” para seu Governo: Sérgio Moro

24 de abril de 2020, Brasiléia-AC

Como se já não bastasse a pandemia e o caos do sistema de saúde, o país também vem enfrentando grave instabilidade política com a saída de Sérgio Moro, Ministro da Segurança Pública.

Brazil’s Justice Minister Sergio Moro attends a session of the Public Security commission at the National Congress in Brasilia, Brazil May 8, 2019. REUTERS/Adriano Machado

Tudo começou ontem, quando o Presidente convocou o então Ministro para informar que trocaria o Diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Logo, especulações foram ventiladas por todos os jornais, inclusive a respeito do possível pedido de demissão por parte de Sérgio Moro.

Hoje foi publicado no Diário Oficial da União, a exoneração “A PEDIDO” de Maurício Valeixo. Segundo informações do Jornal “O Globo”, Maurício Valeixo em nenhum momento solicitou seu desligamento da Diretoria da PF, tão pouco Sérgio Moro anuiu ou foi comunicado de que a publicação no Diário da União seria realizada hoje e, mesmo assim, constava sua assinatura no referido documento.

Logo após a publicação da exoneração de Valeixo, Moro realizou uma coletiva anunciando seu desligamento do Governo Bolsonaro e fazendo graves declarações:

1 – A troca da Diretoria da Polícia Federal seria uma manobra política a fim de que o Presidente influenciasse nas investigações em curso, inclusive a que foi instaurada pelo STF, objetivando descobrir os autores dos movimentos contrários à Democracia.

2 – O Presidente pretende indicar alguém que lhe transmita informações e relatórios a respeito das investigações realizadas pela PF.

Às 15h, horário local, o Presidente Jair Bolsonaro iniciou sua fala com a seguinte frase: “Uma coisa é admirar alguém, outra é conviver, trabalhar junto”.

Em seguida, o Presidente negou as declarações de Sérgio Moro, como já era esperado, fez questão de ressaltar que quem detém o poder de indicar o Diretor Geral da PF é o Presidente da República, mas que mesmo assim tentou um acordo com o Ministro. Alegou que Sérgio Moro até concordaria com a pretensa substituição, mas desde que fosse em novembro, após sua indicação ao STF. Criticou a atuação do Ministro pela falta de empenho na elucidação da autoria da tentativa de homicídio contra a sua pessoa. Aproveitou a ocasião para se auto promover, elencando posturas voltadas para a economia do dinheiro público.

O que todos sabem é que o Governo de Jair Bolsonaro vem enfraquecendo a cada dia e que depois de hoje, até processo por crime comum o Presidente pode responder, uma vez que praticou claramente crime ao declarar que a exoneração do Diretor da PF se deu a pedido, sendo que não foi – conforme informações divulgadas pelo Jornal “O Globo” – , bem como inseriu no documento a assinatura eletrônica do então Ministro da Segurança Pública, Sérgio Moro, sendo que este próprio, durante coletiva, declarou sua surpresa ao se deparar com o Diário Oficial da União. Fora os crimes de responsabilidade ao afrontar à autonomia da PF e ao declarar ao Ministro que a troca da Diretoria da PF se daria por razões políticas.

Sérgio Moro, afirmou em sua coletiva, que seu dissenso pela troca da Diretoria não se deu pelo fato de alguém de sua confiança ser retirado, mas sim pelos motivos da troca.

E como duvidar de um juiz, que não descansou diante do combate à corrupção e que apenas largou a sua toga, diante da falsa promessa de que estaria sempre à frente deste combat, e que agora larga um futuro promissor em prol do seu currículo e de sua moral?

Além disso, é importante frisar, nos ditames do que foi dito por Sérgio Moro, que nem na época de Lula, de Dilma ou do Michel Temer, houve a afronta escancarada à autonomia da Polícia Federal.

O Brasil vem passando por momentos sombrios…Como se já não bastasse a notícia de ontem, de que em 24 horas houve a morte de mais de 400 pessoas por COVID – 19, agora enfrentamos uma grave crise política. Bolsonaro, hoje mais do que antes, encontra-se praticamente isolado politicamente, perdeu a popularidade e a aprovação que antes detinha com Sérgio Moro ao seu lado, e ainda, é acusado publicamente de ter cometido crime comum e crime de responsabilidade.

Jair Bolsonaro tem demonstrado postura de pai e não de Presidente. Seu desespero em livrar sua família de uma investigação séria e imparcial fez com que perdesse sua última “carta” neste jogo em que vem fracassando dia após dia.

E Sérgio Moro? Mostrou que acima de seus interesses pessoais, acima de se tornar a figura mais poderosa do país – Ministro do STF – como pouquíssimos neste país, é um homem íntegro, honesto e que mantém a sua palavra. Defendeu até o último momento o respeito ao trabalho e à autonomia de uma das instituições mais importantes do país – Polícia Federal.

De cabeça erguida, a figura pública, que se tornou mais admirada e aplaudida pelo Brasil, deixou o cargo de Ministro da Segurança Pública afirmando que o país podia contar com ele, inclusive quanto ao enfrentamento à Pandemia e que CONTINUARIA FAZENDO O QUE ERA CORRETO.

 

Por Thaís Sussuarana

 

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