Por Arthur Stabile, g1 SP
Governador de São Paulo desde o dia 1º de janeiro, Tarcísio de Freitas (Republicanos) deixou o ministério da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro (PL) para assumir o maior e mais rico estado brasileiro. Seu governo, o primeiro após 28 anos de PSDB, completa 100 dias nesta segunda-feira (10) tendo passado por desafios em duas tragédias, uma crise de mobilidade, algumas mudanças de postura em questões ideológicas e o início das prometidas privatizações.
Governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas — Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Foram listados os 10 principais acontecimentos dos primeiros meses da gestão Tarcísio, marcada, entre outras coisas, pelo desastre com a maior chuva da história do Brasil que atingiu o Litoral Norte de São Paulo, com 65 mortos – destes, 18 eram crianças –, greve do Metrô, aproximação ao antigo adversário ideológico Lula (PT), mais mortes cometidas pela polícia e uma cirurgia de emergência.
Veja como foi o governo Tarcísio em 102 dias:
Tragédia no Litoral Norte
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Bombeiros, Defesa Civil e voluntários atuam na Vila Sahy, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, após deslizamentos de terra — Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
O primeiro grande desafio de Tarcísio de Freitas veio em 19 de janeiro, quando a maior chuva da história do Brasil atingiu o Litoral Norte de São Paulo. Foram 65 vítimas, das quais 18 eram crianças, uma parte do estado isolada e a necessidade de atacar em várias áreas: socorres quem estava soterrado, encontrar desaparecidos, amparar quem perdeu parentes e suas casas, além dos problemas estruturais com estradas danificadas e falta de abastecimento de água.
Tarcísio foi a São Sebastião, cidade mais atingida pela tragédia e contou com ajuda do governo federal – do adversário político nas eleições Lula (PT), que chegou a chamar de sócio (leia mais abaixo) – para atuar na região. O governo paulista liberou estradas, ofereceu abrigo para quem perdeu suas casas em definitivo ou de forma temporária e anunciou a construção de residências populares. Tarcísio destacou as ações promovidas pela iniciativa privada por “sofrimento de muita gente”.
Greve do Metrô
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Greve no Metrô de São Paulo, no dia 23 de março, nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata — Foto: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
O segundo grande desafio trouxe desgaste para a imagem de Tarcísio quando a greve do Metrô durou mais do que um dia, mesmo com um acordo feito entre o governo e os trabalhadores. O motivo? O governo usou uma decisão da Justiça e não cumpriu com a promessa de aceitar a volta do funcionamento das linhas sem a cobrança de tarifa. Com a queda do acordo, os metroviários mantiveram a paralisação e culparam Tarcísio por recuar do “sim” à catraca livre – depois, a Justiça multou o estado de SP por não acatar o acordo que fora selado.
No segundo dia, sem quatro linhas operando, o governo fez nova proposta, os trabalhadores aceitaram e voltaram aos trabalhos.
Atentado a escola
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Professoras e aluno foram esfaqueados na Escola Estadual Thomazia Montoro, no dia 27 de março — Foto: Cristina Mayumi/TV Globo
Pouco depois da greve, Tarcísio já estava na Europa para reuniões com investidores quando houve o atentado em que um aluno matou a facadas a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, na Vila Sônia, Zona Oeste da capital, e feriu outras cinco pessoas. O governador colocou os secretários da Educação, Renato Feder, e da Segurança, Guilherme Derrite, para tratarem do assunto, que levantou a discussão sobre colocar ou não policiais militares para fazer a segurança das escolas.
Segurança
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Motociclista, deitado na avenida, é morto após ser baleado pela PM na Zona Sul de São Paulo — Foto: David Irikura/TV Globo
Depois de ter escolhido para chefiar a Segurança Pública um ex-integrante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a tropa de elite da PM paulista), Tarcísio de Freitas acumulou aumento na letalidade policial no 1º bimestre. O aumento é de 25% nas mortes cometidas por policiais em todo estado ao comparar com 2022.
Nesses 100 dias, a secretaria também trabalhou em um protocolo de atendimento para enfrentamento do chamado “golpe do amor”. Ao menos 58 sequestradores foram presos.
As polícias trabalham integradas, com trocas de informações, para fazer frente ao sequestro que se inicia no ambiente virtual, nos aplicativos de relacionamento. O protocolo não foi detalhado para preservar o método de trabalho e inteligência policial. Nas tratativas com os bancos o objetivo é a ativação da localização durante a transferência via Pix.
Privatização da Sabesp
Uma das promessas de campanha de Tarcísio é a privatização da Sabesp. Nestes primeiros 100 dias, o governador a citou em alguns momentos, como após a privatização do Rodoanel Norte e ao associar a despoluição dos rios Pinheiros e Tietê à concessão da empresa pública de águas. Segundo o governador, a privatização deve sair até o fim de 2024 e os primeiros estudos para isso devem ser liberados ainda no primeiro semestre deste ano.
Crise na Cracolândia

Segundo estudos, o número de pessoas em situação de rua bateu recorde e está em 48 mil, enquanto saem políticas públicas para população vulnerável, como a diminuição de comidas a preços populares no Bom Prato da Santa Cecília, o mais próximo da área em que fica a Cracolândia.