Mais de um mês depois do desaparecimento de duas irmãs em Tenerife, foi encontrado o corpo de uma delas. O pai, também desaparecido, é o presumível autor do crime. Terá matado as filhas para causar sofrimento à ex-mulher, acreditam as autoridades.
Olivia, seis anos, e Anna, um, foram sequestradas pelo pai no dia 27 de abril, em Tenerife, Espanha. Tomás Gimeno, 37 anos, deveria ter ido levá-las a casa da ex-mulher nesse dia, mas não levou. Avisou-a, por telefone, de que não voltaria a ver nenhum dos três e desligou.
Segundo a agência de notícias espanhola EFE, foi visto pela última vez na marina de Santa Cruz de Tenerife a entrar no seu barco com malas, mas nunca acompanhado pelas meninas. Os dias vão passando e a promessa em jeito de vingança parece cumprir-se.
Quarenta dias depois de uma procura “incansável” pelas duas menores e pelo homem, as autoridades – que desde o início temeram pelo pior desfecho – encontraram na quinta-feira o corpo de Olivia, a mais velha, sem vida. Estava dentro de uma mala amarrada à âncora do barco de Tomás, a mil metros de profundidade e a quase dois quilómetros da costa de Tenerife – os exames realizados esta sexta-feira vieram confirmar o que ontem já era dado como certo.
Com o auxílio do navio “Angeles Alvariño” do Instituto Espanhol de Oceanografia, que a Guardia Civil descreve como determinante para o esclarecimento dos factos, a Polícia mantém hoje as buscas pelos corpos da irmã mais nova e do pai, que acredita ter-se matado.
A confirmar-se a única linha de investigação das autoridades – duplo homicídio, como forma de causar sofrimento à ex-mulher, seguido de suicídio – o caso engorda as estatísticas oficiais sobre este tipo de crime em Espanha. Desde 2013, 38 menores foram assassinados pelos pais ou companheiros e ex-companheiros das suas mães.
Personalidade competitiva e violenta
Tomás Gimeno, presumível homicida de pelo menos uma das filhas, é descrito por quem o conhece como alguém que tem tanto de vaidoso e galante como de narcisista e egocêntrico. Muito competitivo nas modalidades desportivas pelas quais era apaixonado, também seria controlador e violento, inclusivamente com as companheiras que foi tendo, dizem vizinhos, amigos e conhecidos à imprensa espanhola.
Mesmo com traços de personalidade desviados, alguns deles não acreditavam, até ontem, que Tomás fosse capaz de fazer mal às filhas. O mais provável seria estar a usufruir de uma vida nova num país novo junto delas, diziam.
A outros não custava a crer na ideia de que um “comportamento impulsivo e imaturo” como o que tinha culminasse num desfecho tão trágico como o que agora se vai tornando real.