Segundo os moradores, a mulher morreu no sábado (26), mas o corpo foi levado para a cidade no domingo (27), quando os moradores gravaram um vídeo durante o ‘cortejo’ para denunciar as más condições da estrada.
Nas imagens, os moradores aparecem empurrando o veículo para continuar a viagem. Havia chovido bastante na região e o ramal estava intrafegável.
O caixão da idosa foi enrolado ao um saco preto e colocado em cima do trator para não molhar devido à chuva.
“É uma vergonha o que a gente passa aqui. O trator está escorregando, eu também. Olha as condições da estrada, lama, buraco e esperamos o prefeito para arrumar. Isso aqui é um cortejo do [Ramal] Três de Maio para Rodrigues Alves”, disse no vídeo o trabalhador rural Francisco Souza.
O corpo seria de uma idosa de 87 anos que morreu de causas naturais na comunidade. A reportagem não conseguiu contato com a família da mulher.
O engenheiro da prefeitura de Rodrigues Alves, Renan Lima, confirmou que foram enviados veículos do município até a comunidade para auxiliar os moradores. Ele alegou que equipes do município devem ir no local apenas quando o período de chuvas acabar para fazer melhorias na estrada.
“No domingo [27] teve uma chuva atípica, começou a chover na noite anterior e parou no final da tarde. A prefeitura tem feito o máximo para manter todos os ramais recuperados, mas no período do verão nem todos são contemplados. No domingo, não tinha como mandar outro veículo se não fosse o girico [trator] para buscar o corpo da vítima. Esse próximo ano já temos um convênio pronto para melhorar mais esse ramal, fazer bueiro e outras melhorias”, argumentou.
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Com chuva, Ramal Três de Maio ficou quase que intragável e moradores tiveram que improvisar o cortejo da idosa — Foto: Reprodução
‘Cortejo’
Ao G1, Francisco Souza, que gravou o vídeo, afirmou que outro idoso tinha morrido no ramal no Natal. Porém, os moradores conseguiram sair da comunidade com o cadáver para o enterro antes de começar a chover.
“Tiveram que mandar um trator para a gente levar e foi aquela dificuldade. Demoramos mais ou menos uma hora de viagem na lama. O caixão foi até enrolado em uma lona para não molhar porque estava chovendo”, contou.
Ainda segundo Souza, nos dois casos, a prefeitura da cidade auxiliou os moradores enviando o trator e outros veículos para retirada dos corpos da comunidade.
“Os carros são do município. São duas comunidades e sempre quando chove é essa dor de cabeça, entra ano e sai ano. Têm promessas que vão asfaltar e estamos vendo”, falou.
Fonte: ContilNet