O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre, Assuero Veronez, defende a manutenção das exportações de bois vivos. Ele entende que o transporte marítimo de animais não é prejudicial ao bem estar dos bovinos.
“Normalmente, esses bois ganham peso na viagem. Seiscentos, setecentos gramas, ou até um quilo por dia. Se eles estão ganhando peso na viagem, eles não estão em condições precárias”, afirmou.
Esse afirmou que o transporte marítimo da forma como tem sido feito obedece ao princípio do bem estar animal. “É sempre um assunto mais politizado por conta dessa questão do bem estar animal, mas essa situação não reflete a realidade”.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, senador Fabiano Contarato (PT/ES) conduziu uma audiência pública nesta terça-feira (19) sem a presença de nenhum representante do setor pecuário para discutir os impactos ambientais e sanitários da exportação dos animais vivos via marítima.
O Senado discute o assunto porque existe um projeto de lei tramitando no Congresso (PL 2.627/2025), de autoria da deputada federal Duda Salabert (PDT/MG), que propõe a proibição gradual do transporte marítimo de bovinos vivos. Em cinco anos, passaria a ser proibido o transporte de animais vivos nos navios.
Ano passado, o Brasil exportou quase 1 milhão de bovinos vivos. Foi um aumento significativo. Até 2023, a exportação ficava em torno de 400 mil animais.
Países como Iraque, Turquia, Egito, Líbano, Jordânia, Marrocos, Arábia Saudita, Argélia, Irã e Paquistão são os que mais compram bovinos vivos do Brasil.
A pressão dos ambientalistas preocupa alguns setores da pecuária. “É claro que preocupa porque há um excesso de animais disponíveis como está agora, onde as escalas de abate estão longas e os preços estão muito baixos em função desse excesso de oferta de bois”, contextualiza Assuero Veronez.
O presidente da Faeac concorda que a exportação da carne agrega mais valor. Mas pondera que “o comércio de boi vivo sempre dá uma aliviada no mercado, dá uma melhorada e permite que os produtores tenham um ganho melhor. Ou uma remuneração mais adequada. É claro que exportar carne já beneficiada é melhor porque você está agregando mais valor. Então, fatura-se mais. Mas o produtor não ganha com isso. Quem ganha é o frigorífico”.