O governo do Acre firmou um acordo com o banco britânico Standard Chartered para a comercialização de créditos de carbono gerados pelo estado. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (7), conforme divulgado pela agência Reuters. O contrato estabelece o banco como vendedor exclusivo dos créditos por um período de cinco anos.
A parceria é uma das primeiras entre uma instituição financeira internacional e um governo estadual brasileiro para esse tipo de operação. A expectativa é de que o projeto gere cerca de 5 milhões de créditos em 2026, com potencial de movimentar aproximadamente US$150 milhões.
Segundo o diretor de desenvolvimento de mercados de carbono do Standard Chartered, Chris Leeds, o foco da iniciativa está na integridade ambiental. “Estamos fazendo tudo para garantir que os créditos sejam de alta qualidade ambiental e que cada unidade efetivamente represente a redução de uma tonelada de carbono”, afirmou à Reuters.
O modelo adotado pelo Acre se diferencia de outras experiências no país por não prever a venda antecipada dos créditos. No Pará, um acordo similar de US$180 milhões foi alvo de questionamentos por parte do Ministério Público, que apontou possíveis falhas em contratos futuros e conflitos com direitos de comunidades tradicionais.
No caso acreano, os créditos jurisdicionais são gerados por programas governamentais de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD+), com mecanismos desenhados para evitar a superestimação dos benefícios ambientais. Do total arrecadado, 72% dos recursos serão destinados às comunidades locais e indígenas, que vêm participando de um processo consultivo iniciado em maio de 2025.
A operação faz parte da estratégia global do Standard Chartered para ampliar sua atuação no mercado de carbono, setor que enfrenta desafios de credibilidade e busca fortalecimento institucional.