Com a intensificação do verão amazônico, o nível dos rios no Vale do Juruá segue em queda constante, gerando preocupação nos municípios de Porto Walter e Marechal Thaumaturgo. A estiagem prolongada começa a impactar diretamente a logística de abastecimento das cidades, especialmente no setor comercial, que depende quase exclusivamente do transporte fluvial.
Nos dois municípios, comerciantes relatam dificuldades crescentes para receber mercadorias, já que a baixa do rio compromete a navegação em trechos críticos, dificultando a passagem de embarcações de maior porte. O resultado tem sido o aumento no custo do frete e atrasos nas entregas, o que afeta diretamente os estoques e o preço final dos produtos.
Diante do cenário, empresários locais têm adotado medidas emergenciais, como a antecipação de pedidos e o reforço nos estoques, na tentativa de evitar o desabastecimento nos próximos meses. O receio é que a situação se agrave, a exemplo de anos anteriores, em que a seca severa gerou prejuízos consideráveis ao comércio e à população local.

A expectativa é de que, mesmo com as dificuldades logísticas, o planejamento antecipado ajude a mitigar os impactos da estiagem. No entanto, comerciantes e moradores seguem atentos à evolução do quadro, enquanto aguardam possíveis ações de apoio por parte dos governos estadual e federal para enfrentar o período de seca mais intensa.

No início desta semana, uma moradora de Marechal Thaumaturgo, município isolado no Acre, distante cerca de 558 km da capital, viralizou no tikTok em um vídeo em que mostra o valor gasto na compra de um pacote de café e uma lata de manteiga. A mulher desembolsou nada mais, nada menos, que R$ 85 nos dois itens, segundo ela.
A mulher, que em seu perfil carrega o nome de usuário “Luluzinha do Acre”, relacionou o alto valor da compra à seca do Rio Juruá, fato que dificulta a navegação, principal meio de transporte de insumos, combustíveis e outros itens essenciais até a cidade.
Em tom bem humorado, ela mostrou os itens adquiridos e buscou não nomear culpados pela situação.
“Aqui na minha cidade tá desse preço, dois objetos, R$ 85. É culpa dos comerciantes? Não! Sabe porque? Não temos estradas, as coisas só chegam em nossa cidade por meio do rio, e o rio tá muito seco, e os barqueiros passam de uma semana para chegar na cidade, ou mais, e aí a mercadoria tem que aumentar”, ressaltou.