Para evitar acidentes e até afogamentos no Calçadão da Gameleira, que foi tomado pelas águas do Rio Acre nesta quarta-feira (29), a Polícia Militar colocou grades de proteção e fitas de isolamento para evitar que os moradores se aproximem da área alagada.
Desde o último fim de semana, é comum ver diversas pessoas às margens do Rio Acre, seja na Gameleira ou nas pontes do Centro da capital, tirando foto ou admirando a paisagem. Para evitar a aglomeração de curiosos, o comando do 2º Batalhão da PM-AC reforçou a fiscalização na Gameleira e isolou parte do calçadão.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/p/j/55nqukS6ukgZaAzMoLyA/whatsapp-image-2023-03-29-at-15.15.19-1-.jpeg)
Parte do Calçadão da Gameleira é interditado nesta quarta-feira (29) em razão do avanço das águas do Rio Acre — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica
“Reconhecemos que é um lugar turístico, cria uma paisagem natural bonita de ser ver, a pujança do rio, a quantidade de água, mas esse acúmulo de pessoas aqui pode trazer acidentes. Uma criança pode cair na água, logo depois dessa grade já é o início da escadaria, então, se a pessoa cair não vai encontrar um local para se estabilizar, já pode ir direto para o fundo, a correnteza aqui nesse ponto é muito forte, a curva do rio está sendo praticamente aqui devido à cheia”, destacou o comandante do 2º BPM-AC, tenente-coronel Felipe Russo.
Além disso, Russo explicou que as equipes de resgate e assistência aos desabrigados precisam das ruas e acessos livres para estacionar os veículos e retirar bens de moradores que ainda estão nas áreas alagadas.
“Então, às vezes, precisam estacionar veículos para retirar bens e as pessoas que estão aqui querendo ver, infelizmente, ocupam esse espaço estacionando seus veículos. Não queremos, de nenhuma forma, ser antipáticos, mas estamos só querendo criar um ambiente de ordem, ambiente de bom senso para todos e que a gente consiga ultrapassar esse momento de dificuldade da melhor forma possível”, aconselhou.
O coronel revelou também que há a possibilidade, caso a água avance, do trânsito ser interrompido na região para facilitar o fluxo das equipes do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Defesa Civil e outras de resgates.
“A segurança está em primeiro lugar e isso vai ser feito a qualquer hora, então, por isso pedimos às pessoas: evitem passar por esse lugar, aqui é um ponto de cheia do rio, é um ponto que água vai alcançar logo em breve, o rio está em processo de subida, em Xapuri ainda está subindo, então, é um ponto perigoso, sensível e evitem estar aqui neste local”, pediu.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/h/3/R0Z9IWSKKOHj5jHquKJg/whatsapp-image-2023-03-29-at-10.50.04.jpeg)
Calçadão da Gameleira foi tomado pelas águas do Rio Acre nesta quarta (29) — Foto: Pedro Devani/Secom
Milhares de desabrigados
O nível do Rio Acre segue em alta em Rio Branco e está com 17,07 metros na tarde desta quarta, segundo dados da Defesa Civil Municipal. São três metros acima da cota de transbordo, que é de 14m. Mais de 3,5 mil pessoas estão desabrigadas.
Ao todo, são 992 famílias com cerca de 3.551 pessoas desabrigadas. Ainda segundo a Defesa Civil de Rio Branco, 1.223 famílias com 3.980 pessoas estão desalojadas por conta da enchente, ou seja, que foram levadas para casas de parentes ou amigos.
Nas últimas 24 horas, choveu 4,2 milímetros em Rio Branco. Desde quinta, quando as chuvas intensas começaram a atingir a capital, resultando em enxurrada de igarapés e cheia do rio, já são mais de 280 milímetros, mais do que o total esperado para todo o mês de março, que era de 270,1 mm.
Os estragos deixados pela chuva são muitos. Pelos menos 37 bairros atingidos, vários pontos de alagamento, rompimento de trecho na BR-364 estão entre os prejuízos. Além disso, 27 comunidades rurais estão atingidas, com 3,8 mil pessoas de 963 famílias.
Rio Branco tem 39 abrigos em escolas e no Parque de Exposições Wildy Viana com famílias atingidas pela enchente do Rio Acre e enxurrada dos igarapés.
Com a subida do Rio Acre e o acúmulo de balseiros, a Ponte Juscelino Kubitschek, conhecida como Ponte Metálica, foi interditada na noite dessa segunda-feira (27), em Rio Branco por medida de segurança. Enquanto isso, o tráfego na Ponte Coronel Sebastião Dantas está em mão dupla, assim como na Epaminondas Jácome.
Quatro municípios acreanos decretaram situação de emergência: Rio Branco, Assis Brasil, Brasiléia e Epitaciolândia. No sábado (25), o governo federal reconheceu a situação de emergência em Rio Branco por causa dos estragos causados pelas chuva.
Nesta quarta, o governo federal reconheceu a situação de emergência decretada pelas prefeituras de Brasiléia, Epitaciolândia e Xapuri por causa da enchente do Rio Acre que atinge milhares de moradores da região do Alto Acre.
Colaborou o repórter Andryo Amaral, da Rede Amazônica Acre.
Por Aline Nascimento, g1 AC