Há alguns dias, policiais penais lutam pela melhoria de sua classe, porém, todas as tratativa que aconteceram até o presente momento restaram infrutíferas.
Por esta razão, a greve continua, e em consequência, a maioria dos policiais penais se recusam a autorizar a visita dos familiares dos reeducandos, bem como cessaram os bancos de hora.
Há dois dias atrás o Estado ingressou com ação de manutenção de posse em face da Associação dos Servidores do Sistema Penitenciário do Acre – ASSPEN, alegando o impedimento às visistas dos familiares dos reeducandos por parte de um grupo armado de Policiais Penais, o que ocasionou inúmeras manifestações por todo o Estado.
Em parecer ministerial, o MP manifestou-se favorável ao pedido apresentado pelo Estado, inclusive o pedido de tutela provisória de urgência.
Diante desse cenário vislumbra-se na prática do velho ditado que diz: “O galho sempre quebra pro lado mais fraco”! Ora, os agentes penitenciários nada estão fazendo além de lutarem pelos seus direitos, pela melhoria de sua classe, que é justa e merecida.
-“A sociedade como um todo não tem ideia do que é estar trabalhando ali dentro. Muitos passam 24 horas enclausurados, o tempo inteiro em vigília, atento pra qualquer movimento estranho, sendo responsável por inúmeros presos. Ninguém se preocupa com a nossa saúde, sendo que a mental padece muito mais rápido do que a física. Ninguém se preocupa com as nossas condições de trabalho, que pra cada agente penitenciário, são quase 100 presos necessitando de cuidados e vigília. Ninguém pensa na nossa segurança, na insalubridade do nosso trabalho. O Estado só se preocupa com a saúde e bem estar daqueles que, em sua maioria, tiraram a vida de um pai de família, estupraram uma criança, assaltaram um trabalhador que passa o dia batalhando pra colocar comida dentro de casa. Essa é a nossa dura realidade e ninguém se preocupa com isso. Estão preocupados em disponibilizar a visitação dos familiares deles em detrimento da luta de nossa causa. Que país é esse?”. Desabafo de um policial penal que junto com os demais está investido na luta por melhorias em suas condições de trabalho.
Vivemos em um Estado Democrático de Direito. O Estado deve observar com rigor todo o mandamento constitucional, principalmente salvaguardando a vida e condições dignas de trabalho daqueles que presam por nossa segurança.
Se um reeducando morre dentro de uma cela a culpa recai imediatamente sobre quem? Sobre aqueles policiais penais que estava naquele turno de trabalho.
Se um reeducando comete uma fuga… se encontram celulares, armas ou drogas…. a culpa é de quem?? A resposta será sempre a mesma!
E já que o Estado, não valorizou o trabalho daqueles que lidam diariamente com todos que foram julgados e condenados, nada mais justo do que buscarem o caminho da luta pela valorização de sua classe.
E nessa luta por melhorias não há qualquer apoio, pelo contrário, são manifestações por cima de manifestações exigindo o direito de visitas de um lado, o Estado ingressando com ação de manutenção de posse de outro lado, aí vem o direito dos reeducandos de terem a visita de seus familiares. Concluindo – estamos diante uma verdadeira colidência de direitos e garantias constitucionais que só o Gestor do Estado pode resolver. Mas a grande questão é: O Gestor do Estado, juntamente com o Legislativo já tiveram inúmeras oportunidades de resolver a situação dos agentes penitenciários e não resolveram. Ou seja, sabe de quem é a culpa de todas essas manifestações? Sabe de quem é a culpa dos reeducandos não estarem tendo seus direitos de visita? Com toda certeza não é dos agentes penitenciários, mas sim da incompetÊncia e falta de valorização por parte do Governo do Estado e do Legislativo para com aqueles que tem toda a responsabilidade jogada em seus ombros – os agentes penitenciários.
É, caros leitores, abram os olhos, porque as eleições já estão “batendo na porta” e fazer o certo, dentro da legalidade, nem sempre traz mais votos do que atender esse ou aquele!