A reportagem de capa da mais nova edição da Crusoé, assinada por André Spigariol, mostra que, não bastasse a catástrofe sanitária com a pandemia, a CPI da Covid agora tem de investigar a denúncia do deputado federal Luis Miranda, do DEM do Distrito Federal, que acusa o governo de Jair Bolsonaro de corrupção na compra de vacinas indianas.
O parlamentar, como este antecipou, disse que avisou o presidente da República das possíveis irregularidades.
“Em qualquer governo sério do mundo, caberia ao presidente da República tomar providências para ao menos saber se a aquisição dos imunizantes poderia ser lesiva aos cofres públicos. Ou, se como advertiu o deputado, havia indícios de práticas pouco republicanas na negociação. Mas Bolsonaro teria feito ouvidos moucos para os alertas, que prosseguiram.”
Miranda chegou a pedir a Bolsonaro que cuidasse da situação do irmão, que foi exonerado e depois renomeado. O deputado também teria levado o caso ao ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, e à Polícia Federal.
Nos últimos dias, Luís Miranda tem procurado senadores da CPI da Covid para relatar “a pressão excessiva” que seu irmão, Luís Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde, estaria sofrendo.
Miranda também se mostrou disposto a revelar à comissão parlamentar de inquérito como foram as conversas com Jair Bolsonaro sobre o assunto.
Se o presidente foi realmente alertado dos indícios de irregularidades nas negociações para contratação da Covaxin, pode ter cometido crime de prevaricação, na avaliação de especialistas. O contrato para o fornecimento de 20 milhões de doses da Covaxin foi assinado em 25 de fevereiro, ou seja, quase um mês depois dos encontros de Luís Miranda com Bolsonaro.
Depois disso, Miranda ainda voltaria a se reunir com o presidente em 20 de março, um sábado, no Palácio da Alvorada.
“O agravamento do desvario que Bolsonaro está exibindo em praça pública não é gratuito e tem uma razão nem tão secreta. Esconde uma palavra que seu machismo não permite pronunciar, mas seu comportamento revela. Medo. O presidente está com medo. (…).
O ex-primeiro ministro Binyamin Netanyahu avisou a Bolsonaro, em recado passado ao então embaixador do Brasil em Israel, Paulo César Meira de Vasconcellos, de que corre o risco real de ser investigado pelo Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia (…).
Esta é a assombração que persegue o antes destemido Bolsonaro. Seu pesadelo é perder a reeleição, a imunidade, e ser preso.”
SERÁ?