A situação na cidade de Sena Madureira, no interior do Acre, ainda é complicada por conta da cheia do Rio Iaco. Mesmo com uma vazante (diminuição no nível das águas) de mais de dois metros nas últimas 24 horas, as águas do rio continuam atingindo 17 bairros e mais de 27,6 mil moradores.

Conforme dados do Corpo de Bombeiros, o manancial marcou 17,66 metros nesta quarta-feira (24) e continua acima da cota de transbordo, que é de 15,20 metros. Essa é a maior cheia desde 1997, quando rio marcou 19,40 metros.

Mais de 5,2 mil famílias foram afetadas pela cheia. Ainda de acordo com os dados, 299 famílias, totalizando mais de 1,5 mil pessoas, estão desabrigadas. Outras 1.707 famílias, com cerca de 5,7 mil pessoas, estão desalojadas, ou seja, foram levadas para casas de parentes.

A moradora Maria José Ferreira da Silva, de 61 anos, está há oito dias atingida pela cheia do rio e decidiu ficar em casa por medo de ser roubada. Ela e o marido montaram uma espécie de acampamento dentro da casa, elevaram o nível do chão usando tábuas e suspenderam o que podiam.

Moradora elevou o nível da casa para poder permanecer no imóvel mesmo alagado pela enchente — Foto: Quésia Melo/Rede Amazônica

Moradora elevou o nível da casa para poder permanecer no imóvel mesmo alagado pela enchente — Foto: Quésia Melo/Rede Amazônica

Sem energia elétrica por conta da enchente, eles usam velas e lanterna durante as noites. E para fazer comida usam um fogareiro. Os patos de criação da família ficam se abrigando no telhado.

“Fiquei porque aqui as pessoas roubam as coisas da gente, e também porque tenho um monte de patinho. Aí quando vejo já vem gente aqui pegar eles e eu digo: ‘ei, pode tirar a mão’. E assim vou passando. Está vindo marmitex para nós, temos um fogareiro aqui para fazer nosso café. Agora, por exemplo, não recebo café da manhã, mas tenho minha bolacha e faço meu café. Não sei se a geladeira vai funcionar mais, é difícil, mas fazer o que? A gente sempre perde. Agora é esperar o tempo e que Deus abençoe”, disse a idosa.

Bairros atingidos

  1. Vila Militar
  2. Bom Sucesso
  3. Vitória
  4. Cidade Nova
  5. Centro
  6. Cafezal
  7. Cohab
  8. Jardim Primavera
  9. Segundo Distrito
  10. Pista
  11. Praia do Amarilio
  12. Bosque
  13. São Felipe
  14. Cristo Libertador
  15. C.S.U
  16. José Nogueira Sobrinho
  17. Neném das Neves
Mais de 290 famílias estão desabrigadas e outras mais de 1,7 mil desalojadas — Foto: Quésia Melo/Rede Amazônica

Mais de 290 famílias estão desabrigadas e outras mais de 1,7 mil desalojadas — Foto: Quésia Melo/Rede Amazônica

Atendimentos

Desde o último dia 10 até esta quarta (24), segundo o Corpo de Bombeiros de Sena Madureira, 1.161 pessoas foram atendidas pela corporação.

O número de famílias desabrigadas que foram atendidas pelos Bombeiros é de 103 e 209 desalojadas. No entanto, o número real é bem maior, uma vez que muitas saem de suas casas por conta própria.

As equipes empenhadas nas ações de assistência são compostas por 25 militares e 2 civis. A cidade de Sena Madureira tem 47 abrigos instalados em escolas, igrejas, centros esportivos e prédios públicos.

Família se arrisca e mergulha em casa submersa para tentar salvar móveis durante cheia

Família se arrisca e mergulha em casa submersa para tentar salvar móveis durante cheia

Situação de emergência

Diante da situação, o prefeito da cidade, Mazinho Serafim declarou no último dia 17 situação de emergência por 180 dias.

Nesse período, de acordo com o documento, fica autorizada a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem nas ações de resposta ao desastre. Essas ações vão ser coordenadas pela Defesa Civil e Gabinete de Crises.

Também fica autorizada a convocação de voluntários para reforçar as ações e para a realização de campanhas de arrecadação de recursos e doações, com o objetivo de facilitar a assistência à população afetada.

As autoridades administrativas e os agentes de defesa civil, diretamente responsáveis pelas ações, em caso de risco iminente estão liberados a:

  • Adentrar nos imóveis, para prestar socorro ou para determinar a pronta evacuação;
  • Usar de propriedade particular, no caso de iminente perigo público, assegurada ao proprietário indenização, se houver dano.

O decreto libera ainda o início de processos de desapropriação, por utilidade pública, de propriedades particulares comprovadamente localizadas em áreas de risco.

Por fim, estão dispensadas as licitações de contratos de aquisição de bens e de prestação de serviços e de obras relacionadas com a reabilitação dos cenários dos desastres, desde que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 dias.

Acre decreta situação de calamidade pública
Calamidade pública

O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) reconheceu, nessa segunda-feira (22), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), estado de calamidade pública em 10 cidades do Acre atingidas por inundações causadas pela cheia dos rios no estado.

Os municípios de Rio Branco, Sena Madureira, Santa Rosa do Purus, Feijó, Tarauacá, Jordão, Cruzeiro do Sul, Porto Walter, Mâncio Lima e Rodrigues Alves enfrentam dificuldades com parte da população desabrigada (encaminhada para abrigos) e desalojada (levada para casa de parentes).

O governador do Acre, Gladson Cameli, havia decretado calamidade em uma edição extra do Diário Oficial do estado (DOE) também nesta segunda. Pelo menos em oito dessas cidades atingidas os rios estão com vazante (diminuição no nível das águas) e com estabilidade. Mesmo assim, a cheia é considerada histórica e atinge cerca de 118 mil moradores do estado acreano.

Medidas

Dentre as medidas autorizadas, é possível acelerar as ações federais de resposta a desastres públicos, notórios e de alta intensidade. O documento diz ainda que com isso, o governo do Acre pode ter acesso a recursos federais com medidas de socorro e assistência para a população local e também para o restabelecimento de serviços essenciais em áreas afetadas.

O estado pode, ainda, com a calamidade reconhecida, ter segurança jurídica para que o governo federal antecipe pagamentos de aposentadorias e benefícios assistenciais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Bolsa Família.

O decreto de calamidade pública do governo do Acre tem validade por 90 dias. Nesse período, de acordo com o documento, fica autorizada a mobilização de todos os órgãos estaduais para atuarem nas ações de resposta ao desastre. Essas ações vão ser coordenadas pela Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (Cepdec).

Fonte: G1

Utilidade pública

MAFFI & MAFFI IND. COM & IMP E EXP LTDACNPJ: 04.617.052/0001-62

Torna público que requereu ao Instituto de Meio Ambiente do Acre – IMAC, a Licença de Operação para atividade de Suinocultura – Terminação capacidade para 4.000 (quatro mil) animais, localizada no ramal da Estrada Velha, km 33, Zona Rural no município de Epitaciolândia – Acre

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